quarta-feira, maio 08, 2013
Mixórdia
Não repare. A poesia é de trás pra diante. Não tem régua, nem compasso. Não tem esquadro, nem transferidor. Não é matemática. Não é exata. Não tem desenho, nem formato. A poesia é desato de mim. Poesia, enfim. Antes que comece outra, no corredor. Corre dor! A poesia proclama o amor. Ele é que não sabe! Atendeu tão prontamente que não percebeu. Caminhou. Saiu à porta. Resfriou-se ao vento. E o vento o levou. Virou folha. A chuva molhou a página. A história virou enxurrada. Calamidade pública. Todo mundo ajudou. A poesia não sabia mais onde estava. Ficou abrigada, mas sem roupa, sem casa, sem senhor. Quando voltou à lucidez, a poesia perdeu-se. Havia muito aos cuidados dos outros. Identidade afetiva, abrigo de menino, colo de mãe. Mas tudo faltava. Poesia que não tem tamanho. Que bom! Poesia que cresce e aparece demais. Então, não é de verdade. A poesia não cabe nas mãos. É conto de fadas. Sininho. Um brilho de estrela. É cometa. Cometendo erros. Poesia é disfarce de Prometeu. O caminho quem sabe não é meu? O João tem as pedras, migalhas, sei lá! Poesia é a casa que o lobo tentou, mas não derrubou. É a princesa que o príncipe arrebata. Poesia é despertada... pelo beijo, pela imagem de alguém! Poesia é amor, é paixão, é uma poção mágica de sorvete e chocolate - provoca derretimento no olhar. Poesia é a lambida nos beiços. Escorrega, pinga, lambuza o sujeito - de amor. Poesia despenteia, cega os olhos, despe o ventre, cede ao sol. Poesia então não é de João, nem de José, e nem é do cara. "Esse cara sou eu..." Poesia tem topete, sim, mas é sem rosto. Um mistério do lado de lá. Vem pra cá! Que poesia eu achei, na tarde.
sábado, abril 13, 2013
Banho de Sol
Não era apenas o dia que saía pelas portas e janelas
Era também o sol
Este mesmo que chegava trazendo o calor da vida entreolhada
Sua recaída na rendição
Era apertada a janela
Mas suas vestes não foram determinadas
Caíram na entrada
E seu amor, seu amor, seu amor...
Que nada!...
sexta-feira, abril 05, 2013
Cortês
domingo, março 24, 2013
Oração
Se é possível sorrir, Senhor, deixa-me esta possibilidade desde o olhar.
Se é possível chorar, Senhor, dá-me esta possibilidade desde sempre, como gota solvente de amor.
Se é possível ser mais que comum, Senhor, dá-me apenas uma chance de achar-vos onde fui buscar-me,
à Sua semelhança.
sábado, março 16, 2013
Esculpi do Cupido
às vezes fantasio rostos
imagino contornos que amo de lugar secreto
parecem reparos no colo, como num modelo vivo
a esculpir o que quero, a desistir do que digo
a forma me surge entre os dedos, serena
um traço maior que esperava, desenho de alma
as suas entranhas, estranho e desejo
aperto nas mãos seus anseios, de vida, de risco real
não tenho saída, me agarro
me lasco de amor
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