segunda-feira, março 08, 2010

No meio do caminho, tinha uma rosa







Encontrei uma rosa no caminho




e a colhi, no colo do chão.


Seu lugar não era o convencional, sim,
mas estava alí,
responsiva,
sem perder-se da cor e da forma essencial.


Enfim, sua beleza não tinha perdido lugar...

Colocando a prece em "Dia"

  AVE MARIA DAS MULHERES
                      SILVANA DUBOC




     Mãe,



Aqui, agora e a sós

Quero lhe pedir por todas nós

Por aquelas que foram escolhidas

Para dar a vida



Mulheres de todas as espécies

De todos os credos, raças e nacionalidades

Todas aquelas nas quais a vida

Está envolvida em sorrisos, lágrimas,

tristezas e felicidades

Aquelas que sofrem por filhos que

geraram e perderam

As que trabalham o dia inteiro

Em casa ou em qualquer emprego



Quero pedir pelas mães

Que penam por seus filhos doentes

Quero pedir pelas meninas carentes

E pelas que ainda estão dentro de um ventre



Pelas adolescentes inexperientes

Pelas velhinhas esquecidas em asilos

Sem abrigo, sem família, carinho e amigos

Peço também pelas mulheres enfermas

Que em algum hospital aguardam pela sua hora fatal



Quero pedir pelas mulheres ricas

Aquelas que apesar da fortuna

Vivem aflitas e na amargura



Peço por almas femininas mesquinhas,

pequenas e sozinhas

Por mulheres guerreiras a vida inteira

Pelas que não têm como dar à seus

filhos o pão e a educação



Peço pelas mulheres deficientes

Pelas inconseqüentes

Rogo pelas condenadas,

aquelas que vivem enclausuradas

Por todas que foram obrigadas a

crescer antes do tempo

Que foram jogadas na lavoura

Ou em alguma cama devastadora



Rogo pelas que mendigando nas ruas

Sobrevivem apesar dessa tortura

Pelas revoltadas, as excluídas

e as sexualmente reprimidas

Peço pela mulher dominadora e pela traidora



Peço por aquela que sucumbiu sonhos dentro de si

Por todas que eu já conheci

Peço por mulheres solitárias e pelas ordinárias

As mulheres de vida difícil e que

fazem disso um ofício

E pelas que se tornaram voluntárias

por serem solidárias

Rogo por aquelas que vivem acompanhadas

Embora tristes e amarguradas

E por todas que foram abandonadas

As que tiveram que continuar sozinhas

Sem um parceiro, um amigo, um ombro querido



Peço pelas amigas

Pelas companheiras

Pelas inimigas

Pelas irmãs e pelas freiras

Suplico por aquelas que perderam a fé

Que se distanciaram da esperança

Quero pedir por todas que clamam por vingança

E com isso se perdem em sua inútil andança



Rogo pelas que correm atrás de justiça

Que a boa vontade dos homens as assista

Peço pelas que lutam por causas perdidas

Pelas escritoras e as doutoras

Pelas artistas e professoras

Pelas governantes e pelas menos importantes

Suplico pelas fêmeas que são obrigadas

a esconder seus rostos

E amputadas do prazer vivem no desgosto



Quero pedir também pelas ignorantes

E por todas que no momento estão gestantes

Por aquela mulher triste dentro do coração

Que vive com a alma mergulhada na solidão

Por aquela que busca um amor verdadeiro

Para se entregar de corpo inteiro

E peço pela que perdeu a emoção

Aquela que não tem mais paz dentro do coração



E rogo, imploro , por aquela que ama

E que não correspondida, vive uma vida sofrida

Aquela que perdeu o seu amor

E por isso, sua alma se fechou

Por todas que a droga destruiu

Por tantas que o vício denegriu

Suplico por aquela que foi traida

Por várias que são humilhadas



E pelas que foram contaminadas

Mãe, quero pedir por todas nós

Que somos o sorriso e a voz

Que temos o sentimento mais profundo

Porque fomos escolhidas tanto quanto você

Para gerar e apesar de qualquer coisa



Amar...

Independente de quem forem nossos filhos

Feios ou bonitos

Amáveis ou rebeldes

Perfeitos ou deficientes

Tristes ou contentes



Mãe, ajuda-nos a continuar nessa batalha

Nessa guerra diária

Nessa luta sem fim

Ajuda-nos a ser feliz como a gente sempre quis

Dai-nos coragem para continuar

Dai-nos saúde para ao menos tentar

Resignação para tudo aceitar



Dai-nos força para suportar nossas amarguras

E apesar de tudo continuarmos a

ser sinônimo de ternura

Perdoa-nos por nossos erros

E por nossos insistentes apelos



Perdoa-nos também por nossas revoltas

Nossas lágrimas e nossas derrotas

E não nos deixe nunca mãe, perdermos a fé

E sempre que puder

Peça por nós ao Pai

E lembre-lhe que quando ele criou EVA

Não deixou com ela nenhum mapa de orientação

Nenhum manual com indicação

Nenhuma seta indicando o caminho correto

Nenhuma instrução de como viver



De como, a despeito de tudo vencer

E mesmo assim.....conseguimos aprender.



Amém!
 
 
O coração da mulher, como muitos instrumentos depende de quem o toca.

Saint Prosper





Instrumento, meu coração foi se conduzindo com suavidade através do texto.


Não sei quem o tocava, se Maria, ou se o autor.


Ou se meu próprio coração, musical, antecipava o verso e sabia seu caminho de antemão.


O fato é que o texto me tocou passo a passo, e a cada mulher por quem rogou.


ADOREI!






Fica como mais uma contribuição ao Universo de Marias
                                 Bjs!!!

sábado, fevereiro 20, 2010

Supuração






" Sentia muito, tudo, e sempre afinal.


Não entendia nada além da pele,


dos ossos, do corredor vermelho, aprisionado em calor.


Percebia os ausentes, sem paixão, em presença estéril, condenados a si.


Repartia palavras, como pão, em milagre da multiplicação.


Cansava seus dons fatigando emoções com velhos pesos fundidos em dor.


Não sabia amar, concluiu.


Ou todos os próximos estariam longe.


O que sua alma nunca pode admitir."





segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Ela não brinca em serviço





Apesar do preto no branco
























do salto alto


















da fenda na saia


















da cara torcida






















das mãos na cintura


















do jeito amarrado


















o colo é bordado de paetês


















e o passo


















é para o próximo


















aquele que virá

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

de maré baixa




Há muito não escrevia sobre coisas da vida.



Não escrevia sobre nada simples, nem sobre tudo.


Há muito não olhava mar, não pisava areia, não se vestia de sol.


Não avistava o dia melhor, nem a tarde espreguiçada no colo de alguém.


Há muito não tinha vontade de picolé, de criança rindo, de notícia fresca para dar.


Não sentia nada além de um jeito estranho de lugar nenhum.


Há muito não tinha um, nem dois, nem opção matemática.


Não era de nada. E associava nada, a ninguém.

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Santa e Clara

Nenhuma me atesta sem algum pudor


Um pouco de amor no olhar,


a carícia que dá de si


Não consigo sair do lugar comum


Sem que algum calor me suba ao peito,  


não tem jeito


Esta é a condição do autor:




direto ao amor