sábado, novembro 21, 2009

por Marcelo Rubens Paiva

Apesar da recorrência do assunto "Geyse" na mídia, vale conferir o que ele escreveu:

*em 10.11.09

Voltaram atrás.
Bastou a abertura de um inquérito na Delegacia da Mulher, pressões do Ministério da Educação e sair no New York Times e em toda a imprensa internacional, que o departamento de marketing da UNIBAN foi enfim ouvido.
E o que se escutou parecia óbvio: a imagem da universidade escorre pelo ralo.
O que é mais intrigante no caso da expulsão da UNIBAN da aluna de turismo de pernas pra fora, Geyse, é que seu reitor [e dono], Heitor Pinto Filho, quem expulsou a aluna, é casado com a atriz Eloísa Vitz, curte teatro.
Construiu um na universidade, gerido pelo GATTU, injeta dinheiro, coloca anúncios nos jornais divulgando as peças, que ficam lotadas de estudantes.
E sabe qual autor costuma ser montado lá?
NELSON RODRIGUES
E sabe qual peça o grupo remontrou e está em cartaz?
DOROTÉIA


Conhece a história?
Três viúvas [Flávia, Carmelita e Maura] moram juntas e estão sempre de luto, com vestidos longos, que escondem as formas. São castas, reprimidas.
Elas jamais dormiram. Para não sonharem, onde podem aparecer desejos secretos.
Então, batem na porta. As três colocam máscaras.
Flávia abre a porta. É outra prima, Dorotéia, que em contraste com a castidade das mulheres de luto, veste-se de vermelho, um vestido sensual, que realça as formas da mulher, "como as profissionais do sexo".
E não usa máscara.



DOROTÉRIA, foto de LENISE PINHEIRO



A quarta peça de Nelson, de 1949, aborda a repressão sexual, e que a doença, feiúra e os sacrifícios e todos sofrimentos em geral se tornam valores sempre perseguidos pelas personagens, como meio de "exegese e ascese espiritual purificadora dos pecados do sexo".
"Mais que uma denúncia contra a cultura e a religião que enaltecem a doença e o sofrimento, a peça traz, por meio de seu sarcasmo brutal, uma denúncia contra a culpabilização da sexualidade e contra o culto da apologia da morte.
Acometido de uma fúria verdadeiramente báquica - unindo por meio da sátira o trágico e o cômico - Nelson expõe até a medula a violência dos paradigmas do patriarcado em sua vertente católica e mediterrânea transplantada para o Brasil" [psicanalista Anchyses Jobim Lopes]
Nelson deve ter gargalhado, quando soube que uma jovem aluna foi chamada em coro de "puta", como a sua personagem de vestido vermelho.
O homem é escravo do seu ridículo.

sábado, novembro 14, 2009

Voltando ao passado



Com 17 anos ela ganhou o Festival da Eurovisão cantando com esta simplicidade.




Ela vai fazer 62 anos no próximo dia 20 de Dezembro.












http://www.youtube.com/watch?v=PtbW7zYmYfM




e dizer o quê? se ela diz tudo...

domingo, novembro 08, 2009

uma foto de José Maria Rodriguez Madoz

figura e fundo
o cenário e o mundo que ela guarda
um nada melhor que a forma, exata
o vinho e a taça
o vestido branco
o corpo e nada depois
descobrindo o lugar de sorver
o sabor investido
tudo suposto em foco
o que não capturou
a imagem descobriu no ar





(só figura em fundo / de Rosângela Monnerat)