quarta-feira, agosto 31, 2011

Uma coisa 'lagarta'


Catei conchinhas, contei estrelas, e perdi mil e uma noites e dias de olhares sem teto.
Não perco mais nada que me salta aos olhos. Mas largo de mim com os sentidos vagos, para que assim me veja, a contar coisas pequenas de nunca perder.

terça-feira, agosto 30, 2011

Frescor de memória









A frequência que em ti respira
Teu olhar fatigado
Tua vontade em consternação
Tens pressa de afagos nos olhos
Tens pressa em rever-te como te fiz
Pois que em nada te demoro
e logo, esqueço-me em ti
Porque assim, só assim, decretas-me verdade



(...esparsas lembranças guardadas na nuca, no véu das surpresas
Seu beijo esquentando nos pés
Murmura um lugar, que é de certo seu eco, ranhura no cio, recheio na mão
Sorva o licor do momento
É branca sensação de paz...)

Dona Mandona





Nem pense em chegar
Estou indo embora
Nem pense que é hora
Acabou de atrasar
Nem pense que a flor é desculpa
A flor não tem culpa, só cor

quarta-feira, agosto 24, 2011

Ai, coração!

Coração na mão
está na cara
Quem não se atreve mais?
Todo dia é a mesma semente a gritar num jardim sem calor
Nada que o valha
As marcas do tempo, remendos, no vício de ficar 
sustentando erros
As horas cobrando lá fora, o corredor em peso
Azar não demora, parece que é praga
Ai Meu Deus, que tamanho de história!
Não ajuda sonhar, não ajuda acordar pelo preço do dia
Está liquidado!
Venceu prazos a perder de vista...

terça-feira, agosto 23, 2011

Amor quietinho ( pé ante pé )



O encontro que vem, sem desarrumar nada.
A maior disposição em tudo.
O menor dos ruídos. Toda intenção percebida.
É o amor no caminho, trazendo sua bagagem ...

domingo, agosto 21, 2011

Marujada



Cheguei nas cores do mar.
Vi peixinhos bordando ondas, enfeitando convites da lua nova .
Apressei-os, onde fiquei a correr olhares pelo céu.
O dia, declarava-se um romântico, em rumores nas conchas, nas cochias daquele cenário, brincando com meu jeito solto, à sorte.
Fui deixando de ser folha para ser barco.
Coloquei meu sorriso na proa. Fiz gaivota pousar.
Por algum tempo só fiquei ao vento.
Ninguém vi. Ninguém viu.

segunda-feira, agosto 15, 2011

É fogo!

Aproximam-se descidas.
E meu Deus alí, que me deixa escada abaixo...
Quebrada em ossos do ofício,
já me confunde a cuca, esta malvada.
Vá pela escada de incêndio, ora bolas!...
 Imagino a luta da flor, na sacada.
Meu amor, ah!... o amor - esse sujeito inflamável.
Solta-me, na cama, elástica.


Bipolar

Cada vez mais perto
Às vezes ao lado, fingindo à minha frente, orelhas em pé 
Não sei entender esse outro, parece destino...
Fala como se soubesse de si o pior
Não se cabe ao dizer-se
Foge, palhaço, das coisas sérias de um dia
É pagão
Ou não, já é muito de Deus, sua fé
Não posso dizer que é fora de si, que ele fala
É seu dia aziago, repenso
Vai querer chocolate, bolacha de amor
Vai que é flor, outro dia
Um amor em pedaços na pia
Não sei a quem dizer
Este é bipolar!

sábado, agosto 13, 2011

Fotossíntese

Pulsam como linhas veias de sol sortilégio
Pequenos vácuos se formam nos ritos do ar
Vem apalpar-me os medos, tecidos de mão
 Sê-de implacável carícia, brisa que beija, lingua que rói
Funda-me inteira proporção 
desejo lascado
fato da luz
Não se atenha ao modelo
É rasgo

sexta-feira, agosto 12, 2011

Praescribere



Tantas escrituras digitais
Sob meus cuidados o tempo, inimigo mortal
Tenho as linhas da aurora prescritas
O sol me indaga, onde estás?
Deixando segredos em troças
Pintando à saída das mãos
Forjando brinquedos, meus dedos, seus dados
Jogando com a sorte, o acaso, o ocaso...

...lief, amore,  bacio, beso, kiss...
           em que se traduz

Decantação



Caio.
Como chuva em disparo.
Solta.
Como sonho em reparo.
Lágrima.
Como conta suspensa sem fio.

Tudo por um mergulho em seus dias secos de mim.

Noticiário





Vão circulando motivos nas contas de vidro.
Um e outro saber.
Já me cansei de ler a verdade.



Ouço dos ares um perdão a revelia.
Quero uma trégua do mundo,
do barulho da vida no asfalto,
dos verdes sem ar.
Passe-me as cartas do silêncio.
Vou embaralhar meus motivos aos seus.

quinta-feira, agosto 11, 2011

Corredor


Esta malícia do olhar que atravessa o instante da cor. Não há revelação que a poupe de ser paixão. O tecido, corredor de afagos. O peito arfante. O colorido amante, a saber, vem comigo.









O comentário acima foi provocado pela foto publicada pelo Carlos Sherman, companheiro do grupo 'Vidráguas' do Facebook , e pela canção Universo No Teu Corpo - de Taiguara - que assim foi muito bem ilustrada por ele. O que escrevi lá, foi o que acabei de registrar aqui. Valeu, Carlos! 









 

Pra não dizer que não lhe comprei flores





Seu jeito menino a derrubar defesas - seu fraco.
Resposta de gente lambida no olhar - seu forte.
Não precisa de sorte no jogo - é vencedor. Vai que é sua!
Sua palavra.Vida é sabida nas mãos. Vai de flor?
Vou, seu menino! - que é dia de festa.
E quero sorriso que conta presente nas mãos, por favor...

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O intervalo era meio corrido, mas o abraço era compromisso de coração. Então, sem muito floreio ou firula, brotou este agrado de mim, meu caro 'escrevigente aniversador' Marcelo Soriano, cheinho de carinho e admiração.
Parabéns,  querido poeta.
Grande dia aí pra vc. Tudo de bom! Beijão! 
Inté!
                

terça-feira, agosto 09, 2011

Quando li o poema...


Ele, sustentava uma espera. O tempo a balançar idéias. O coração sob a pena - o visto do sopro escondido no medo. Era seu sorriso, o controle. Sim, sua volta. O vestido a pressentia - sua mortalha de amor. Sangue não. Vermelho. Esta cor implacável. Proibição. Veto. E um vento a favor.











Pois é, o poeta Adroaldo Bauer Spíndola Corrêa  publicou no Grupo Vidráguas, o poema abaixo, ilustrado pela foto que reproduzi aqui. Não resisti, portanto:



Um sopro à janela / um vulto dela / o vestido esvoaça / o tempo passa / a cidade, o céu de fumaça / ah, o mar, a rosa / o verso pouco / a pouca prosa / é vermelho, então / é sangue, não? / Há, entanto, um fantasma à luz do dia / há uma chance para a poesia.

domingo, agosto 07, 2011



As bocas não precisam enxergar um palmo adiante do nariz.
Cegas de amor, tateiam... cem sentidos.

No Facebook - todos por um



Barquinhos de papel colorido.
Um jeito menos convencional de seguir a correnteza.
Nada, que é certeza.
Nem mesmo a cor que dure.
Mas o barquinho vai...
vai esperando chuva...
vai contornando a dúvida...
vai deixando o lugar comum.
A vida, o barquinho, a chuva...parceiros.
Onde tudo é singular.

(comentário que deixei no "Vidráguas" - grupo do Face)

terça-feira, agosto 02, 2011

A visita

Apareceu-me o Medo. Aquele sujeito escondido nas frestas do tempo. Um sujeito espremido no olhar. Aquele que não quero ter - o Medo. Desisto. Pois que não sou presa fácil, fujo. Assim, ainda fingindo, que estou prosa de mim.