domingo, julho 25, 2010

As fotos são impecáveis, mas a dor...

                                 

  Pode ser por uma bala ou por uma palmada.


      Pode ser por um grito ou pelo brinquedo que caiu.


   Na dor e no medo,


a criança é protagonista por inteiro,

    
sem figuração ou papel.




quarta-feira, julho 14, 2010

de Perspectiva



Daquela sacada olhei o que não podia ter,



andei por onde não podia ver,


sentei-me onde não podia estar.


Daquela sacada perdi mil léguas além,


saí sem tréguas de ninguém,


não tive paixão, não vivi.


Daquela sacada não corri, não pedi perdão.


Fiquei com tudo nas mãos, sem parar, sem assento, sem nada...


                 
" ...de perspectiva"
   de Rosângela Monnerat


         

domingo, julho 04, 2010

Um conto dalí

                   Couple a la tete pleine de nuages


O artista põe a mesa


onde as silhuetas se colocam à margem.


Cruzam-se olhares com tudo que resta.


Nada se serve além do infinito.


Eles se abrigam onde cabem.


Ninguém sabe aonde vão...


Eles também não. Sim, por que não?


Lado a lado, no quadro, no quarto da lua, da rua


à beira do abismo do mar...


Onde colocar as mãos?


O artista deixou o cenário. A vida encantou-se.


Nada se soube depois.






"Um conto dalí "


de Rosângela Monnerat

sábado, julho 03, 2010

De mãos postas





O que confessei



também não sabia, e ainda não sei


Se soubesse não teria confessado


porque não seria pecado


Só mais um pedaço, um naco de mim, não é assim?


A mordida que doeu, foi palavra


não empenhada, guardada


como segredo em latim


Sei falar poucas línguas


e não sei adivinhar ainda


não muito mais que o tarô


                                                Bordo palavras em inglês


                                                escrevo português em tiras


                                               e colo mentiras que não sou


                                              


                                              Quando confesso, não bordo,


                                              não escrevo, não invento


                                             não sussurro sem razão