sábado, abril 30, 2011

entre as folhas, saudade

Minha vontade soberana
Meus dedos selvagens à luta, por seus pendores de sol
Meu soneto
Grande questão
Não tenho sorrisos que arranquem segredos de dia
Sou alquimia da luz
Acerque-me o tempo, meu guarda
Sol, que me arrede daqui
Sou como a flor, carregadeira de amor
Machuco-me com jeitos de partir

sexta-feira, abril 29, 2011

Rubra

Fale-me direito!
Me fale à esquerda, por favor.
Não destrua meus sonhos, nem medo.
Sou do sujeito, sem dono.
Aplaque minha sede, veneno tocado.
Sou sua gêmea, sem lado, sem destino acordado.
Me ajude, meu amor.
Não me queira mal.



Não posso alongar-me.
Nem é preciso.
As linhas da vida já pintam e bordam
o feitio do meu coração.

quarta-feira, abril 27, 2011

"Bruxante"(ou de uma palavra que nunca existiu)


Que feitiço era esse? Danado!
Dormia na ponta de todo escarcéu.
Bruxinha, bruxismo, sua bruxa!
Quanta notícia me deu....
Este mal, que é do bem, tem seu nome.
Ai que eu me acabo de contar....


terça-feira, abril 26, 2011






Fique meu tempo, antes que eu me acabe.
Nada pode ser assim tão breve,
que ao colo não sossegue mais....
 
 
                         -Apelo-

sábado, abril 23, 2011

Sem voz, cativa


não tenha medo das palavras



palavras não mordem


quem morde é o dente, os dentes


quem fala é a língua


palavras, não...


palavras se dão


investidas


e bordadas à mão

quinta-feira, abril 21, 2011

Encaixada

Ela não sabia o que encontrar em meio às surpresas.
Dedicava-se ao presente como se fora festa.
Tinha escondido a certeza em meio aos guardados.
Quando encontrava confusão no diário do sonho, não despertava pedido de atenção.
Perdia contato com tudo que fosse lembrança sofrida.
Postergava confissão.
Todo dia era só um relevo do tempo sem lapidação.
Menina Pandora.
Toda menina.
Tudo desencaixado sem muita solução.
A não ser por esperança. Aquela que nunca desistiu de guardar por todo coração.

terça-feira, abril 19, 2011

voltando do esquecimento



às vezes fantasio rostos



imagino contornos que acho em segredo


parecem reparos no colo, como num modelo vivo


a esculpir o que quero, a desistir do que digo




a forma me surge entre os dedos, serena


um traço maior que esperava


que desde as entranhas, estranho e desejo


aperto nas mãos seus anseios, de vida, de risco real


não tenho saída, me agarro


me lasco de amor






" Esculpida"


de Rosângela Monnerat

sábado, abril 16, 2011




Este amor que não se tem à mão, toda hora.
Este amor que demora partir.
Este amor que não cabe em presente,
que não sabe a vida na hora.
Este amor que não vai embora, não vai...
não vale não.

quarta-feira, abril 13, 2011

E como preliminar ao beijo...









Esta é uma mordidinha sem par.



Um jeito dengoso de calar, com sedução ímpar.


A boca reprisa um desejo ensejando um convite ao encontro, do olhar.


Mal não há.


Só sabor.


                               
“De gosto vermelho”
de Rosângela Monnerat

Ocaso de Amor



Estavam alí, aguardados
Na lembrança do ocaso surgindo em croquis
Um mundo de sopros de adeus
E a vontade suando, querendo chegar
Não tinham desejo de nada melhor
Só queriam seus olhos, amigos, amantes da sorte
Suas mãos corriqueiras, seus pés adiados
Queriam um afago de amor crepuscular

segunda-feira, abril 11, 2011

E numa pousada...

Acabei de surpreendê-la, me sentindo nos lábios.



Esquiva, ela não me olhava, nem um pouco.


Parecia adormecida em sua cor, negra intacta.




Foi tateando zelo por ali,


que a senti como se fosse pelo,


que derreti, como se fosse mel.


                                                                                                      

domingo, abril 10, 2011

Ao sol da minha noite





Linda!
Quase como deveria ser ao florir de dia.
Mas não se furtou ao ensejo, vermelho espargido.
Saiu à meia-noite, com euforia de manhã de sol.

sábado, abril 09, 2011

Passado a limpo



O que não era brincadeira foi crescendo até que não cabia mais chamá-los de amigos.
Então, o amor ganhou nome de Cupido. A pintura foi saindo do papel. E o menino e a menina se reencontraram gente grande, trocando carícias na lua de mel.

Outrora, ou em outra hora...

   

                   Como se não fosse apenas tudo tão claro.
                   O vermelho fechado de lado, até que ele chegasse.
                   Aquele que trazia seu corpo à baila,
                   seu gemido às raias da explosão.
                   Mas a espera entortava as sombras,
                   deixava o controle cair.
                   Por sorte, o cigarro pendente, aguardando fogo.
                   O tempo da "outra", que fora, não era mais seu.

domingo, abril 03, 2011




Algo de livre.
Algo de leve.
Livre de algo.
Leve de logo.
Logo que revele algo e fique livre.
Abrindo os braços.

                

       "Um guerreiro"

sábado, abril 02, 2011

Papel de Pano

    
Não tinha o que dizer até que a vi,
numa extravagância inteira
Uma estranha cena que devia estar guardada
apareceu assim, vermelha
A moça sob o vento, sobre a esfera,

revestida de tal cor,
enseja sedução ou guerra?
Não me ouvia, não sabia,
escondida alí, em seu papel

Sua silhueta então, apenas a supus
de tanto ver seu braço, a se estirar
O par de pés parados,

triste sentinela, a perder seu chão
Não podia andar, ou dar-se a ver
A cena louca parecia ser de pano, ou de papel,

não sei...não assinei
Só fiz tecer no meu olhar, um circo, arrebatador
Foi naquela cor, a moça, o braço, os pés,
o vento e o pano, a revoar
E tudo foi girando
e o corpo foi surgindo
O pano foi caindo, leve,
bem levado
A moça foi descendo, deslizando os pés
E tudo veio junto,
inclusive a cor, rasgada, pouco a pouco

A sede e o rosto, em queda, em colo 
Enquanto ela e ele se amassavam nus,
em meus papéis

               

 

de matrimoniado

Não gosto destes olhos vazados,



deste aro pequeno apanhado na haste da flor


Não gosto do perfil sereno,


neste tom moreno,


insistente e sedutor


Espero sorte de fantasma


Assustar,


em vez de mascarar-me por amor