sábado, fevereiro 20, 2010

Supuração






" Sentia muito, tudo, e sempre afinal.


Não entendia nada além da pele,


dos ossos, do corredor vermelho, aprisionado em calor.


Percebia os ausentes, sem paixão, em presença estéril, condenados a si.


Repartia palavras, como pão, em milagre da multiplicação.


Cansava seus dons fatigando emoções com velhos pesos fundidos em dor.


Não sabia amar, concluiu.


Ou todos os próximos estariam longe.


O que sua alma nunca pode admitir."





segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Ela não brinca em serviço





Apesar do preto no branco
























do salto alto


















da fenda na saia


















da cara torcida






















das mãos na cintura


















do jeito amarrado


















o colo é bordado de paetês


















e o passo


















é para o próximo


















aquele que virá

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

de maré baixa




Há muito não escrevia sobre coisas da vida.



Não escrevia sobre nada simples, nem sobre tudo.


Há muito não olhava mar, não pisava areia, não se vestia de sol.


Não avistava o dia melhor, nem a tarde espreguiçada no colo de alguém.


Há muito não tinha vontade de picolé, de criança rindo, de notícia fresca para dar.


Não sentia nada além de um jeito estranho de lugar nenhum.


Há muito não tinha um, nem dois, nem opção matemática.


Não era de nada. E associava nada, a ninguém.

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Santa e Clara

Nenhuma me atesta sem algum pudor


Um pouco de amor no olhar,


a carícia que dá de si


Não consigo sair do lugar comum


Sem que algum calor me suba ao peito,  


não tem jeito


Esta é a condição do autor:




direto ao amor