sexta-feira, dezembro 27, 2013

Disponibilidade








Espero com sorriso o namorado na entrada
Aquele da flor costumeira
Ele não sabe, mas carrego sua voz na altura do peito
Seu jeito bonito no espelho, onde lavo as mãos
E por dentro, guardo lembranças
O pedido, a bala de caramelo, o papel da lua em pedra-sabão
Toda coisa encantada que não se desmanchou


( foto: John Wayne & Maureen O'Hara)

Textura








Linda!
Como não cabia mais.
Triste....
como não sabia mais.
Arte,
como não seria?...
Se a vida inteira mergulhada em dia,
ancorava em noite,
leve,
pele sustentada em coração.
                




sábado, dezembro 21, 2013

Noivando

     

A noite era de máscaras
O pequeno dote escondia amor em pincéis

                                  





Suas mãos não se continham
           Queria o pedido
     O olhar, o sorriso, o resto...
            Só depois...

sábado, dezembro 14, 2013

Proximidade








Ela nunca o ignora
Fica ali na janela, no retrato, no em torno, em coisa que o valha
Seu olhar é tão forte que o recolhe, para que não vá embora
Seu sonho é tão vivo que fica ao seu lado, espiando, fazendo barulho, diurno, e sem hora
Aliás, seu sonho é pequeno, não pode tomar sereno, e nem pode demorar-se
Vem cedo, vai cedo, e às vezes,
vem tarde demais...

domingo, setembro 22, 2013

 
 
 
 
"Quando eu não falar, tente saber mesmo assim. Vou até o fim, calada, entre a cruz e a espada, entre o que eu não disser e essa outra voz de mim, que não me larga"
                                             Rosângela Monnerat

domingo, setembro 01, 2013

Amarelinha de outra cor

Desenho com arte
mas não pude ser
Criei o cenário, coloquei sofá
Fechei as cortinas, abri o diário, e calei
Não soube o que havia a falar
Eram meninas, as palavras
Pulavam de lá para cá
Faziam maré
Onde era céu, se aninhavam
Onde não era, não queriam mais

sábado, agosto 17, 2013

Rotina

 
 
 
 
 
 
 
Ele a deixou como havia de ser
Com o olhar comprido e secura na voz
 
Ele a deixou à mesa
Com a cena de sempre no jornal

sexta-feira, agosto 16, 2013

Retalhos




     Sensações de perda na porta da frente.   
    Eu?... Não mudei de espera.  

    Continua a sala sem o melhor tapete.   
     E tudo continua,
a despeito do que era.   











Performático






                                 Numa tentativa nua de estender-se
                                    O ensaio, por medo, enredou-se em fastio
                                        O corpo esperado em saídas, aquietou-se
 
 
 
 Não podia arremessos
 Aprendia arremates
 Provocava olhares pelo fim, onde estava rendida
 Sozinha, com dois dedos de amor
 

terça-feira, agosto 13, 2013

Revelação


 
Com setenta segredos, decidiu-se
Não teria tantos guardados...
Deixaria recados para cada estação
Agora, no inverno, se descobriria aos lençóis
Assim, pelo frio, respondendo ao calor
Com abraços, apertos, amassos, rindo ao sol
Nenhum desejo obscuro
No fundo, o amor, muito claro...

sábado, junho 08, 2013




Vou mergulhar na imagem
Matar saudade do sol
       E da flor, recolher o que ainda não sou
           Semente   .
                            .
                            .
                            

sexta-feira, maio 24, 2013

Intenção







Estarei lá...
          Viagem do pouco, quase...
                              Transporte do outro, a passagem...  
                                Nunca mais...
                                                     Essa mensagem que vigora no amanhã...

domingo, maio 12, 2013

As Sempre-Vivas

 
 
 
 
 
 
A qualquer hora, com um jeito de sempre
Mãe é presente que não demora
Para a nossa saudade
Sem fim

quarta-feira, maio 08, 2013

Mixórdia



Não repare. A poesia é de trás pra diante. Não tem régua, nem compasso. Não tem esquadro, nem transferidor. Não é matemática. Não é exata. Não tem desenho, nem formato. A poesia é desato de mim. Poesia, enfim. Antes que comece outra, no corredor. Corre dor! A poesia proclama o amor. Ele é que não sabe! Atendeu tão prontamente que não percebeu. Caminhou. Saiu à porta. Resfriou-se ao vento. E o vento o levou. Virou folha. A chuva molhou a página. A história virou enxurrada. Calamidade pública. Todo mundo ajudou. A poesia não sabia mais onde estava. Ficou abrigada, mas sem roupa, sem casa, sem senhor. Quando voltou à lucidez, a poesia perdeu-se. Havia muito aos cuidados dos outros. Identidade afetiva, abrigo de menino, colo de mãe. Mas tudo faltava. Poesia que não tem tamanho. Que bom! Poesia que cresce e aparece demais. Então, não é de verdade. A poesia não cabe nas mãos. É conto de fadas. Sininho. Um brilho de estrela. É cometa. Cometendo erros. Poesia é disfarce de Prometeu. O caminho quem sabe não é meu?  O João tem as pedras, migalhas, sei lá! Poesia é a casa que o lobo tentou, mas não derrubou. É a princesa que o príncipe arrebata. Poesia é despertada... pelo beijo, pela imagem de alguém! Poesia é amor, é paixão, é uma poção mágica de sorvete e chocolate -  provoca derretimento no olhar. Poesia é a lambida nos beiços. Escorrega, pinga, lambuza o sujeito - de amor. Poesia despenteia, cega os olhos, despe o ventre, cede ao sol. Poesia então não é de João, nem de José, e nem é do cara. "Esse cara sou eu..." Poesia tem topete, sim, mas é sem rosto. Um mistério do lado de lá. Vem pra cá! Que poesia eu achei, na tarde.





sábado, abril 13, 2013

Banho de Sol



Não era apenas o dia que saía pelas portas e janelas
Era também o sol
Este mesmo que chegava trazendo o calor da vida entreolhada
Sua recaída na rendição
Era pouco o pequeno portão

Era apertada a janela
Mas suas vestes não foram determinadas
Caíram na entrada
E seu amor, seu amor, seu amor...
Que nada!...
 

sexta-feira, abril 05, 2013

Cortês










Um a um desisti de somar
Coloquei estes versos no tempo e as brumas no olhar

         Quase escorro das mãos
         porque escopo de mim
         sou a lenda que escapa

domingo, março 24, 2013

Oração








Se é possível sorrir, Senhor, deixa-me esta possibilidade desde o olhar.
Se é possível chorar, Senhor, dá-me esta possibilidade desde sempre, como gota solvente de amor.
Se é possível ser mais que comum, Senhor, dá-me apenas uma chance de achar-vos onde fui buscar-me,
à Sua semelhança.                                   

sábado, março 16, 2013

Esculpi do Cupido




às vezes fantasio rostos
imagino contornos que amo de lugar secreto
parecem reparos no colo, como num modelo vivo
a esculpir o que quero, a desistir do que digo
a forma me surge entre os dedos, serena
um traço maior que esperava, desenho de alma
as suas entranhas, estranho e desejo
aperto nas mãos seus anseios, de vida, de risco real
não tenho saída, me agarro
me lasco de amor








Saída esquisita morrer


Mas como ficar menos roxa,

              lilás...


Se o rosa caía da flor,
                   se caía de dor,
                          se morria outra vez,
                                           sem parar...






                                             " Uma cor de morte "




domingo, fevereiro 24, 2013





                                                                                                 Polpa






O que pensava não era nada perto do que era sem pensar.
Semente de amor, sem dono.
Fruto do outono, sem par.

quinta-feira, fevereiro 07, 2013

Faltas







De tudo que reuni nada ficou o bastante por tempo demais...

terça-feira, fevereiro 05, 2013



               Perfis
 
                  
                  
                   .
                   .
                   .
                   .
Seu olhar de apaixonado
Seus melhores fins de poeta           
Vice-versa
Somos dois na contramão
                   .
                   .
                   .
                   .
                  
                  

sábado, fevereiro 02, 2013

Pontuação






Não me aninhei no silêncio.
É que dormiam os sussurros, os gemidos, os pequenos sons.
Dormiam de mãos dadas.
Apaixonadamente...