domingo, maio 27, 2012

É tarde...



           
Encolho-me, frente ao portão

Respondo ao medo

Quis o mar alí, regato no desvão

Risco na passagem, veto em corredor

Quantas vezes lí seu tédio, ronda sem pontuação

Mais adiante, em resto de calor, seus pés no sal

Torturado, meu olhar repousa, ave em céu azul

Sua cor dourada, seu papel, meu sopro

Longe vão meus olhos, fatos regam a provisão

A mentira não sustenta o corpo, isso, é ilusão...

             *ilustração: aquarela de Nana Mouskouri