sexta-feira, setembro 30, 2011



Escreveria sobre seu olhar
Ele sim, há qualquer tempo sedutor
Precisava dos seus pedidos intocáveis
Seus contornos sem riscos
Suas perdições
A palavra não vinha, mas toda atenção
Sua boca medindo o calor à distância
O beijo colorido em batom
A vitória às pressas



'Olhares'
de Rosângela Monnerat

terça-feira, setembro 27, 2011

Plena




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Era assim, o tempo esperado das pequenas traduções
Aquela desistência frouxa deu lugar ao sossego
O pedido complacente de ficar em si
Não sabia explicar, nem queria
A vida

domingo, setembro 25, 2011

Acerca de árvores



Hoje voltei da missa olhando as árvores, nesta época muito expressivas, em suas cores florais.
Vi que uma estava cercada de tela, do canteiro acima. Entendi que aquela oposição vinha de mãos, quem sabe cheias de colher avisos
menos convencionais, 'tipo':
Chuparam um picolé até aqui...
Passou alguém voltando do mercado...  Rasgaram o recibo da compra...
Deixaram a etiqueta de lado...
Fumou o cigarro até o toco...
Soltaram propaganda daquele novo empreendimento imobiliário...
Ou até mesmo um velho pecado! Largaram um chiclete grudado...
Mas tudo isso eu só vi, na árvore sem aramado.

sexta-feira, setembro 23, 2011

Prenúncios Primaveris

Àquela primavera caberia romper quaisquer danos causados à luz
Por causa dela nasceriam novas carícias a qualquer tempo
Em cada pequeno olhar, grandes paisagens
Em cada grande maldade, maior arrependimento
Por todo silêncio, cada voz bendita
Pela bondade, cada flor
Pelo amor, a claridade e a penumbra
Por todo dia, três meses de paz
Aquela primavera viria com essas qualidades de Deus

quinta-feira, setembro 22, 2011

Ruptura


Traga o equilíbrio.
Não. Fumaça.
Entende-se com a mão na massa, não os pés.
Um fio de vida no cabelo.
Puxa...assombrada.
Quer de cima ver embaixo de si mesma.
Contraria o chão erguendo-se no ar.
Cumpre-se. Vulto final.

quarta-feira, setembro 21, 2011

Talvez, um pouco mais adiante

Naquele lugar
aquela arte fazia sentido
Um caminho deixado a mão

segunda-feira, setembro 19, 2011

Alquimia


Vivia lá, de cor distante
Tinha força de pegada na expressão
Queria ser tocada, a lapidar-se
Recolhida não, guardada
Esquecida dos seus traços, deslizar em mãos
Presa do instante, em contraposição

Quase nua, deixando-se ali, confinada ao desejo
Logo sustentada sob o tempo, carregada em colo, segregada à sorte, como tudo mais
Pouco a pouco transformada em outra
          - jóia de domínio pessoal -

domingo, setembro 18, 2011

Decore (e esqueça que leu)



Peça-me perdão, roçando-se na orellha
Roga-me em silêncio, chute o não
Tente ser um outro,  mas jamais prometa ser
Minta por seu próprio medo, nunca pelo meu
Faça com brilhante meu anel
Guarde minha lida em seu papel
Pinte e borde
Deite e role
Leve-me sem pressa...
                  sem nenhuma pressa...
                                                  ao céu

sábado, setembro 17, 2011

Sonho (um fim para a noite)

Quis por as flores no tempo e com muita cor derrotar a noite
Livrou-se da dor com seus saltos de inverno a seus pés
Há pouco o cansaço crescente já fora afastado das mãos 
 Chamado de longe o aceno movia distante palavra
Agora entendia o jardim como boa intenção
 A vida sem pressa, sim, era muito melhor...
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Brincou de voar como beija-flor
Sorriu, ao enxergar-se menina
Encantou-se, com a fada-madrinha 
E por fim, contentou-se, numa velha expressão
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poesia

 

terça-feira, setembro 13, 2011

Prisão Domiciliar

             
Olha pela janela e não vê além das grades.
Seu corpo parece atravessado pela transição.
Está por fora? Vê-se por dentro?
A lógica é do tempo, não dela.
Fragmento e história.
Lamento é onde mora a confusão.
O suor não lhe apavora mais.
É amora, ou ameixa, é a fruta que quiser, madura.
Não tem pecado em capital.
É mulher senhora, sem peitoril na janela.
A mesma que a encara na fila de espera.
A mulher, quem lhe dera a gueixa,
quase sempre a queixa.
A mulher que não foi puta que pariu!

quarta-feira, setembro 07, 2011

Soma

                                         É tão claro este nosso encontro...
Você chegou de surpresa, como nada melhor
Não fiz nem caso do que gostaria
Nem o café preparei
Saí dos lençóis sem qualquer ruído
 Não queria, não?...
Mas seu olhar me trai pelas costas
Um calafrio tentação 
Um
mais Um
Dois
E tudo mais


..



segunda-feira, setembro 05, 2011

Que história é essa?


                                                       Corre! Corre!

sexta-feira, setembro 02, 2011

Desapego




Vai, nada seguro
Sai do meu colo, da minha saudade
Vai pela própria viagem, ser rei
Não entenderei nenhum gesto
Já conheci mais que podia
Carreguei sua meia-noite, seu meio-dia
Agora deixo que vá
A qualquer hora sedento de tudo que já foi meu
Pelo perdão das horas, valei-me, sem carência
Pela prudência que me sugeriu, carinho, mais nada
Pela coerência, em verdade, em verdade vos deixo
Por meios tão cheios de mim, reparti, sortilégio
Brinda-me taça, mania, com teu desejo