domingo, dezembro 27, 2009

de palavra rubra

Esta é minha arma.



Mãos ao alto!


Rendo-me ao calor.


Vim para tirar do sério o seu rubor, de raiva.



Vim com a minha dança, unhas feitas, e meus arranhões.


Sou um tango que lancei, logo depois da valsa.


Fui apenas salsa ou merengue, pra chegar.


Se quiser sapatear daí, pra cá, não ligo.


Toco castanholas, meu querido, não violino.

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*Lembrando Al Pacino, em cena inesquecível que lhe valeu premiação.
             "Perfume de Mulher", vale rever, bom demais!
              http://www.youtube.com/watch?v=dBHhSVJ_S6A

terça-feira, dezembro 15, 2009

uso tópico




Então,



a sedução me olha.


Não demora eu me rendo.


Não me apresse ou me deixo levar.


Não me interrogue onde não sei.


A moça que me fita tem o que homem precisa.


Eu só tenho esta mania: escrever sem precisão


e fazer de conta toda vida a sós.

domingo, dezembro 13, 2009

Apresentação


Tenho quinze minutos, apenas.



Vou desfilar, então.


Não olhe para as minhas pernas, finas, nem para o resto, que tudo é modesto demais.






Olhe para os peixes, mas não para o meu olhar.


Fico envergonhada, só de pensar...


Agora, que dei uma volta, olhe para cima,


e veja se desce a cortina para mim.


Que só depois eu abro, e deixo alí no espelho,


o meu cartão.

outra flor, de memória

Esta brotou da memória da flor de açafrão


Caiu da tela, madura, com urdidura de mel


Não gosto de sair da sequência sem encher-me de cor


Gosto do amor, no sentido da lida e com belo final


Tenho mesmo dez dedos nas mãos


Consigo dedilhar o texto com muitos segredos


Conto dois lados. Escondo o avesso


Brinco com o fecho das horas


A minha melhor espessura é a própria palavra


É tão lisa a brancura


É tão rija a pergunta


Então, é mais leve, e mais tenra a vontade


Não há curva, nem seta, nem ponto nenhum


Na palavra só vejo brandura, contornos


Um toque macio que cede na seda

Sedução


Palavra pequena, sensata, sozinha,


num único botão

sábado, dezembro 12, 2009

aflorando


Então, eu vou contar daquela flor



Ela se rendeu à melodia, e dançou


Dançou enquanto teve pés e paz


Floriu, enquanto teve pétalas, e mais...




Deixou perfume enquanto teve cor


Não se conteve, enquanto teve sol e ar


Esteve nos anseios, enquanto teve amor


Deixou-se em minhas mãos enquanto dispersava


o  meu olhar perdido, repartido em pétala, resumido em bem me quer

terça-feira, dezembro 08, 2009

de pressão abaixo

Uma vez é cega, é corcunda, é doída e só.

 Quase não se crê, pastel.


Tem a cor do que não viu, o sol.


Tem certeza que deixou copos de leite em algum lugar.


Mas, não quer beber. Não quer comer. E nem querer.


A sua palidez é de uma fina flor, não sabe qual.


Tentou colírio. Tentou suicídio. E tenta se importar.

domingo, dezembro 06, 2009

Jane lá

Abri uma janela, e lá estava ela, de sutiã.



Vi no seu perfil, a mão, em gesto casual.


Ela nem sabia que eu via além, e nem me via por sinal.


Colocava dedos em seu vício.


Colocava medo em meu olhar.


Sustentava o brilho do batom,


e um tom na pele,


como ardil, ardor.


Saí da tal janela,


e dispensei seu colo.


Por muito pouco desisti

e ví além.