quinta-feira, março 31, 2011

Enquanto as imagens não falam...



                                de Nada
          
                                           
(feito em homenagem
ao poeta Maiakovski)






Eu não devia, então não disse nada.


Já não queria, então não pude nada.


E se podia, eu não mudava nada.


O que fazia, então, não era nada.
.
.
.

Mas a palavra, ordinariamente, me precedeu.

                                                de Rosângela Monnerat





http://mais.uol.com.br/view/507494  *clique no link ao lado para assistir a matéria, e clique sobre os recortes abaixo para visualizá-los melhor.

















domingo, março 27, 2011

De lua, de lenda, de amor

                            Perto do céu ainda bebia sua lua com mel



                          Mais uma vez começava a medir-se por metades




                                  Depois só seguia
                    a perambular com sua sorte
                          contando estar cheio de si

sábado, março 26, 2011

Tudo conta ao pé da letra



"As coisas pequenas, se colocadas juntas,
ficam maiores do que as grandes."
(Henri Barbusse)







Ao ler a mensagem, imediatamente pensei no que podia e devia considerar em perspectiva mais favorável na vida, num claro otimismo de um dia de sol. 
Tornei grandes as coisas pequenas recentes e próximas, garantindo um olhar generoso ao pouco de tudo que ficou simples de mais. E me senti muito bem, observadora do meu próprio caminhar.
Mas logo avancei pelo que comumente é desconsiderado, esquecido, ou até negligenciado; de tão pequeno ou tão corriqueiro. O que incomoda, "enche". Como aquele barulhinho do trânsito na hora de dormir. Ou aquela gotinha, caindo na torneira da cozinha há dias! 

Uma reação defensiva pode acontecer ao esquecermos de considerar os fatos, as evidências, e as providências sim, deixando tudo como estava onde "sempre" esteve,  junto ao "claramente" despercebido. 
Foi quando me lembrei das contas, num cantinho inevitável da casa ou da memória. Mesmo pequenas, elas podiam me surpreender com uma enorme quantia final! Maior do que aquela para a qual me preparei nos meus propósitos de vã economia.
Mas já era perto da hora do almoço quando me veio ao pensamento um prato! Cheio de pequenas porções de tudo que desejo numa mesa. Claro! Isso poderia resultar em altas somas calóricas numa única refeição. Mais do que as obtidas com um bom prato de macarrão, em muitos casos.

É. Felizmente me cabem escolhas de bicho passarinho neste quesito. Tranquilizo-me - Adoro o verde! E ainda me divirto com as demais cores de cada estação, em suas safras.
Nada de novo nisso tudo. Especialmente neste assunto tão presente na midia nacional. 
Mas, como somos ainda muito distraídos, entre o pequeno e o grande, o fácil e o difícil, o essencial e o supérfluo, talvez o óbvio seja realmente aquele velho conhecido do cego que não quer ver. 
Darcy Ribeiro, grande pensador mineiro, escreveu em profusão sobre as tais obviedades. Vale conferí-las em seu texto.
Aqui nada foi tão óbvio para mim.Tudo começou em gotas. Daquela reflexão sobre as pequenas coisas cheguei ao paradoxal, sustentando-me numa metáfora de saída:
Levar todo pensamento ao pé da letra e toda conclusão em conta, pode resultar em ganho substancial, economia, e farta leveza ao final!


... Termino essa minha vida exausto de viver, mas querendo ainda mais vida, mais amor, mais travessuras. A você que fica aí inútil, vivendo essa vida insossa, só digo: - Coragem! mais vale errar se arrebentando do preparar-se para nada. O único clamor da vida é por mais vida bem vivida. Essa é, aqui e agora, a nossa parte. Depois seremos matéria cósmica. Apagados minerais. Para sempre mortos.
(Darcy Ribeiro)

quinta-feira, março 24, 2011

Eu vou, mas eu volto! Criança.

Vou levando
duzentas bolsas
quatrocentos pés
e seiscentos cavalos
Vou bem rápido
pra não desistir
Vou levando Monalisa
na lista de prioridades
para qualquer fim
A Torre de Pisa
                                                   levo como baluarte para não cair
Vou pelo sol, pois quero acordar meu olhar bem cedo
Mas, mesmo que eu me engane muito bem
não sei o que fazer com o medo até lá


...
Deu pra entender? A menininha queria os sapatos do pai, a segurança do berço, e está aqui, empurrando a si mesma com medo do que vai encontrar depois da esquina. Com medo da vida. Com medo da morte. Com medo de não achar o que procurava, que nem sabe mais o que é, de tanto que há muito tempo ela só brinca, só faz de conta, só inventa...

segunda-feira, março 21, 2011

um "outro" de Pessoa

Não durmo, nem espero dormir.
Nem na morte espero dormir.
Espera-me uma insônia da largura dos astros,
e um bocejo do comprimento do mundo.
Não durmo;
não posso ler quando acordo de noite,
não posso escrever quando acordo de noite,
não posso pensar quando acordo de noite.
- Meu Deus, nem posso sonhar quando acordo de noite!
Ah, o ópio de ser outra pessoa qualquer!
(...)
"Insônia" de Álvaro de Campos

                        Álvaro de Campos
                                        seu heterônimo
                                              seu outro ânimo
                                                   Fernando Pessoa
                                                     sua outra face
                                                         Por toda messe
                                                       se prece
                                                                eu rezava
                                                            
Porque dele, insônia
Porque minha,  espera de mais,
sempre mais...                                             

Rosângela Monnerat

domingo, março 20, 2011

A pergunta não para

O que podia ser remédio quando a alma recebia o trato?



Um alívio ao cansado coração do dia.

              Poesia.


Que a vida insistia


sem perder o instante.


Que o tempo corria

desperto a cada querer.


E ainda restava o que saber, então.


Depois.







quinta-feira, março 17, 2011




A parceria mal aparece,
e já se dá nome aos dois.
Aqui não.
Que fiquem apenas botões, lado a lado.
Que perdurem à própria sorte,
e namorados em flor.

                    "Chegados"
                           Rosângela Monnerat
                   

domingo, março 13, 2011

Maria, Marianna








Este é um perfil diferente                
Presente
Marianna, filha
Meu colo
Não sei se posso...
Mas se tenho saudade
chego na ponta dos pés
O jeito de mãe é de muitos olhares
Alguns estão longe
de ser de tanta precisão
Cheguei de mansinho agora
e o meu olhar...nossa!
Mãe d'água 

















I miss a butterfly!

Dei asas à imaginação.


Ao encosto, dei almofadas de flor.


Aos pés, dei saltos e verniz vermelho.


Pintei os lábios como nunca mais.


Esqueci a cor dos cabelos.

Esqueci do espelho, e do olhar.


Não tive amor proibido, nem caso.


Então fingi a foto e corri, atrás de um dia melhor.




Maria, de qualquer dor




Não sabia se estaria condenada ao frio 


ou se esperava as nuvens virem, lhe aconchegar



Colo que a levasse aos poucos


Enquanto dava nome ao sentimento, deixou-se ficar


despencada ali, qual fruta podre, que não finca o pé


Se antes, ao florir, teimara alguma cor


foi puro sortilégio de maçã

sexta-feira, março 11, 2011

Comentando


Quando nos incluímos nas cenas, apenas com o nosso olhar, temperamos tudo com a nossa suposta verdade.
Penso que mais projetamos do que fotografamos o que se passa, quando se trata de um texto.
Nossa mente trabalha sem uma única medida padrão. Nosso filtro não é comum, é singular.
Somos sim, a perspectiva, o enquadre, a resolução.
O resultado é que tudo que sabemos é comentar. Ainda que o façamos com arte.
É bom que seja assim. Que as palavras tenham a mais pura leveza da imaginação.
Podemos falar de todos, sem falar de ninguém.
Do cara beberrão à garota fantástica sem par, somos amigos do peito, em algum lugar.

 
Comentário publicado sobre o texto "Crônicas, romances e fotos".
Visitem o Blog!

Pura crendice






Suas pernas me deixavam sem prazos no olhar
Não sabia cruzar os dedos para mentir
E quando fazia figa, era com a minha sorte





quinta-feira, março 10, 2011

Mais foto, de um outro fotógrafo




O que é do outro lado, no impacto manso?



É meu desespero no espelho, ou meu retiro de ser?




O que é do espaço que condensei em tão cálido olhar?



O que fiz do outro, senão face de um instante, parco e largo, trato sem fim.


O que fiz do restante, do que não contei?


Não me fecho, não me abro, sou o intervalo, em momento oportuno.


Sou o silêncio no fundo e no mundo inteiro de mim.


Sou assim, em face das imagens,


o flagrado boiando,


ou apenas um, na miragem,


só, e envolto na paz.


" Espelhando-me "

quarta-feira, março 09, 2011

Sessão de Fotos






Revendo arquivos encontrei fotos como esta, de um fotógrafo russo,
que foram recebidas em pps
( quando identificá-lo, anexarei seu nome)


Naquela ocasião ousei reflexões, brincando por sobre a imagem.


Carga-horária


o







o
o
o


Ainda de terno e gravata
acalmou-se ao plantão
Sem mataborrão pra secar sua tinta
escreveu sem pressa: até amanhã

terça-feira, março 08, 2011

Das coisas mediáveis, e/ou irremediáveis


   

Escrevi, há bastante tempo, o argumento que levou este título aí em cima.
É o texto que volto a editar, nesta sequência.
Deixo aqui como uma lembrança, pelo Dia Internacional da Mulher.
Chega a ser redundância, porque na realidade este blog é inteiramente dedicado à essência do feminino; que é simplesmente a mulher, do meu dia a dia.
Mas o recado que hoje refiz é pra alma.
E a alma, como os anjos, não tem sexo.





É isso aí!
Sempre que posso, proponho esta interrogação aos interessados em entender das coisas ditas "psi":
"Mas que simplificação é esta da nossa subjetiva condição humana?" ...(enquanto o autor da pergunta, ou Freud, talvez me acompanhem resmungando de algum lugar...)



O medo, somado ao antigo "pití",  ficaram sintetizados na "síndrome do pânico".
Tristeza, melancolia, carência, sei lá, se reuniram em "depressão".
Até a velha angústia, que não é nada indiferente ao mundo moderno, está à beira de um ataque de nervos!...
Em face dos condicionamentos do mundo contemporãneo, ficamos sim, subordinados a estes diagnósticos, muitas vezes autoaplicados, como nas automedicações. Ou o sujeito está na "síndrome", ou está na "depressão". Isto quando não está ainda melhor "classificado".



A menopausa, coitada, nem sempre é considerada como período desencadeante de alguns desses "murmúrios" somatopsíquicos. E sabe-se lá por que cargas d'água, hoje muitos parecem desconhecer a dita cuja em sua profundidade. Inclusive as portadoras do temido destino, não fosse ele  mesmo "negado", muitas vezes.



Que possamos padecer com estas emoções atreladas a diferentes sintomas, não é nenhuma novidade. A questão é que prevaleça um  incentivo ao consumo de medicamentos e correlatos, o que acaba precipitando uma recorrente fuga das experiências emocionais já citadas.



Eu tô fora!...Ou ainda estou é muito "por dentro" de mim...



Tenho conseguido minhas vitórias com a certeza de que a alma é um território cheio de recados profundamente expressivos. Lá eu desço, subo, salto e escorrego. Tremo, balanço, danço, caminho. Me deito, sonho, acordo, contemplo. Vôo no meu pensamento! Mas reajo com os pés no chão. Só nunca gostei de correr, porque prefiro andar, para melhor ver os caminhos.
Com a alma eu me entendo, enquanto o corpo se desarma das defesas que o inconsciente lhe prescreveu.
A alma, parece sim, coabitar estes dois segmentos do ser, a "saber", mente e corpo.



Ontem mesmo escrevi sobre a alma, mas não deu outra! Sumiram as palavras!
Bati em algum lugar sem querer, ou meu inconsciente se encarregou de...
Então, o fato é que constatada a perda escrevi  ainda, tentando preencher a lacuna que restara. 
E foi daquela passagem que me lembrei hoje, enquanto associava alma à saúde emocional, no dia dedicado às mulheres.
Enfim, tudo passa...
Ou como diria uma vovó a qualquer tempo ou lugar:
- Isso também vai passar!...




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Assunto de alma é volátil.


Some da tela, sem deixar qualquer sinal.


É parecido com sopro, com brisa, com fogo de vela que se apaga sem que a gente entenda o que se deu.


Eu não sei o que dizer, além da quase certeza do que fiz.
Fiz poema que saiu do fundo e rompeu madrugada.
Fiz uma balada de um vento só, sereno.
Que se foi no arrebento, como a onda na areia, que não segura meus pés.
Foram embora dez ou mais estrofes, assim, sem meu querer em alerta.
Quando me dei conta, não estavam mais lá.
Só ficou um verso.
(*recentemente publicado aqui no blog)


"Quando mergulhei me vi com olhar de peixe fora d'água.


Não havia luz, nem lágrima.


Não havia nada, nem amor.


Só silêncio, e sal."


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E de repente a alma é sábia mais uma vez, e isso é o bastante - uma palavra esquisita que diz tudo.


Beijos e parabéns!
Queridas "Marias" de muitas consoantes e vogais!...

segunda-feira, março 07, 2011

A verdade sem fantasia



A verdade se pendura a dois



Se perdura, um decide pela lua outro pelo chão


Desde que o não se parta em um


pelo sim, a noite cola os dois


Sem par é a dor de um arlequim


De cor, a colombina faz canção


E o poeta faz "the simple truth"


a tradução

A arte que me invade


Elas, as estrelas
claras, nebulosas
as contas do céu...
Nunca as estranhem por aqui...
Soltas, coladas

unidas por um fio
programadas sem ter fim



Comentário nu



E a palavra se despiu:
a u r o r a
Uma palavra a mais, num dia a mais,
oh! vida...
Minha vontade  
nem floriu madura
e já transpareceu


Aos pés da lua
nua
alvoreceu
Irrompeu-se em largo azul

domingo, março 06, 2011

Uma de tempos atrás...


Quando mergulhei
me vi com olhar de peixe fora d'água
Não havia luz
nem lágrima
Não havia nada

nem amor
Só silêncio

e sal




das profundezas
de Rosângela Monnerat


("As palavras nunca dormem.
Podem ser lidas a qualquer momento"
Frederico Latrão) 

terça-feira, março 01, 2011

Quadro ( pendurado no #Letras365 do Twitter)








Não podia fugir ao cenário. Era claridade alí. Na janela em que crescia a flor.

           (Rosângela Monnerat)

Pergunta infantil



Não me perco a caminho deste lugar.
Deixo abertas as portas.
Tenho a mania quase perigosa de sair sem saber onde vou parar.
Serei poesia ao voltar?