quinta-feira, janeiro 19, 2012

Recolhido às marés

Não sei o que imaginei sem seu rosto
Era tão tarde...
Você estendido na pressa, conduzido à fadiga, destronado
Meu rei por suposto até o fim...
Você...
Meu sim de semblante farto, um apaixonado de linhas frequentes, olvidado
Sua fé me levando à loucura, marco de isenção
Seu amor saltimbanco, saindo sem lei, sem prazos
Não quero uma regra para ser feliz
Quero sim, seus afagos
Sua rede sem pescador
Porque pelo rastro da lua me sinto levada
Uma réstia de um tempo comum abraçado a dois

a ilustração - tela de Alexandru Darida "Falling in Love"

quinta-feira, janeiro 12, 2012

Bibliotecomania





Livro-me

nessa mania

cem páginas

quinta-feira, janeiro 05, 2012

Cristalino


Soltava-se rendida sob aquelas mãos, desordeiras
Não, seu chinelo não tinha barulho, chegava
Seu tempo marcado entre os dedos, calava
toda melhor conclusão...
Sua boca, estampido, vencendo o cansaço
O nome, não faz confusão
Perde seus olhos no céu, escondido, por dentro do gosto
Conta segredo em gemido, nos dedos dos pés
Depois vai subindo, sem caso com o dia
Que ainda é verão, seu calor
Vai que um morango, um sorvete, na taça do amor declarou-se, cristal

quarta-feira, janeiro 04, 2012

Sobrevida


Flutuava por leveza, correnteza a se dar
Não tinha amarras naquele lugar
- era um sonho a deriva -
De quanto valia?...
Não sabia de quando era o sol
Não sabia afogar-se por dias a querer
Compelia seu corpo sem ter aonde ir
Perdia os sentidos
Alí?...
Nada...
Perturbava o início da noite com pesadelos
em que só boiava...
boiava...







terça-feira, janeiro 03, 2012

Balanço

Peso simples
Fuga do olhar
O consolo é que vai e vem
Preguiça agendada
Colo em balé
Não sei o que é, o que é
Solta a ninguém
Charada


Por um fio
Tecida à verdade
O tempo a guardava
Mentira pesada sem dó
Não tinha quem a sustentasse
Só Deus!...