segunda-feira, setembro 28, 2009

Asas de colagem (Rosângela Monnerat)

Porque agora vou sair em fuga
em melodia de síntese
em colorido de final
E quando eu voltar talvez eu volte com a mesma vontade de cantar
Talvez eu volte cotovia
ou rouxinol
ou sabiá
Mas voltarei pássaro, sim, a voar
Por que dei asas a mim quando nasci

quarta-feira, setembro 23, 2009



Segure a minha paz
ela está nas mãos
Ela está no quadro, na parede ao lado

no meu quarto de guardar você
Não aperte muito o seu jeito manso de mostrar-se, nem o colo de se dar

Sua tênue condição espera por recato
se explica pouco
é ponderação
Não atenda o telefone

Não abrigue à porta
Passe o trinco na janela

feche os olhos
diga: Amor...
(tão doce que goteje no porão)

E depois, não diga nada
Deixe com o vazio, lasso
A alma, pronta

vai se aconchegar

"sequência de alma"
de Rosângela Monnerat



                          então...


Toda vez que eu me der
palavra ao jeito
fico aquém da interrogação
Não tirem conclusões aos versos
não se apressem em deduções
A poesia é recanto largo
vento farto, muita extradição


Poesia não tem mão
tem corredor

Não tem sinal, nem pare
Poesia não tem lacre, não tem redação
Poesia tem seu marco próprio
apenas foge às portas, foge às rotas
faz na contramão
Aquela que me leva, me redige
me reconta, conta
Concha e abissal
Poesia me tempera em sal, pimenta
sol, fazenda, cerca
e cerco pessoal
Poesia no quintal, na minha roça
na janela do meu trem, da minha moça prosa
Quando eu me fartar de vida
pode ser que ela perdure
e eu que me perdõe, ainda
sem parar
                                       
                      " de rodapé"
                               de Rosângela Monnerat
                                                       

sexta-feira, setembro 18, 2009

Retratando-se ou coisa parecida



Maria, tal e qual mesmo? A nenhuma.
Aqui reservada ao papel.
Maria que recebi sem consulta alguma. Menina em melhor expressão.
Não acharia melhor conduta.
Maria mãe, que sustenta corpo de filho. Fêmea, que me orienta a produção.
Rosângela Maria, desde o começo.
E enquanto recomeço, sempre!
Mulher e mãe, e psicóloga que escuta, escreve e fala! Como fala!
A desordem dos fatores sempre altera o produto.
Ou a poeta, que ainda me encarrega de papéis adicionais.
Enfim vim ao mundo, e só por engano esqueci das asas.
Anjo não, passarinho. Agarrado ao ninho.
Ainda que a fé me adormeça em calma, acordo mesmo é com café.
Se amoleço com a criança, endureço com a raiva que o mundo do adulto me faz, por teimar tantas maldades.
Se posso, ando a pé, e muito! Se me autorizo, não vacilo. Onde só tenho passagem, preciso da paisagem pra sobreviver.
Sou Aquário com ar, e água com Peixes, respectivamente signo solar e ascendente.
Mas tenho a lua em gêmeos, só pra contrariar.
Já não tenho siso, mas me agarro em juízo aprendendo a viver.
Afinal, adoro rabiscos!
Vou me soltando em sinais.
Sou poeta de risco.
Quando menos espero, fiz arte!
Com alguma parte de mim que se soltou.

Gigliola Cinquetti - estrelando em 1947

http://mais.uol.com.br/view/199731


Este pequeno filme (incrivelmente nítido) mostra a cantoraGigliola Cinquetti (nascida em 20/12/1947), em início de carreira, como atriz, no filme "Dio, Come ti Amo".


No clipe é exibida a cena final, quando Gigliola canta (no microfone do aeroporto) para seu amado (o ator é Marc Damon, dentro do avião) que está indo embora.Quando o filme, ainda na década de 60, foi exibido no Brasil, tornou-se grande sucesso de bilheteria.


Ficou em cartaz no cinema Azteca (no Largo do Machado, no Rio) por uns dois anos ou mais! A bela música italiana era adorada na época.


Quem ia assistir ganhava um pacotinho promocional do sabão em pó "Rinso"! Coisa de pataxó.


O cine Azteca foi construído por mexicanos (donos dadistribuidora Pelmex). Os exóticos elementos decorativos eram importados e imitavam um templo pré-colombiano asteca. Era enorme, tinha cerca de 1.800 lugares!


Foi demolido em 1974 para dar lugar a um horroroso centro comercial.


Nunca mais pudemos espantar o urubu da Pelmex!...

Universo de Marias


Enquanto pensava o verso

me deparei com o Universo

onde elas estavam

Me olhando como estrelas

piscando em suas certezas

brilhantes e atemporais

Vislumbrei um pedido que vinha com o sereno

Não tinha que esperar mais

Maria de todo jeito

em algum momento viria

e me diria por seus meios
o que falar...

Poesia pra mim é assim,

o dom de ficar disponível

pra que um outro venha estrelar

Palavra, poeira de estrelas

que eu não sei calar...

A primeira postagem


Como foi difícil escolher o início.
Deixar aqui uma postagem e também o meu recado da porta da frente.
Aquele marco que nenhuma soleira encerra, ao manter-se alí, na chegada de cada um.
Uma foto é um fato entregue ao olhar. Aqui uma foto é um registro de mim.
Estou alí, naquele rosto que sorri, como estou aqui, neste espaço que acabei de abrir aos amigos, das fotos e dos fatos, que no dia após dia irei postar, e gostar de reunir.
Aos que não me conhecem, eu sou a de rosto tombado pra direita, sempre buscando a razão. Mas forte mesmo nisso, pés no chão é a Marlene, esta grande amiga, quase irmã, que nesta foto me ajudava a sorrir em meio a um grupo muito animado.
Então, minha primeira postagem é um sorriso. Aquele que me ajuda a começar e que desejo levar até o fim.