sábado, outubro 17, 2009

Nas bordas das bodas

Quando se quer se vai longe.
O tempo se reverte em bens.
Bem querer de dois e de mais. Mais de cada um.
Comecei a brincar com a idéia das bodas. Idéia boa. Das boas que se multiplicam. Ninguém ousaria duvidar.
Anos de ousadia amorosa, de vida que teima em acertar. Uma coragem de recriar a cada dia a curiosa mania de preservar.
Um casal que ainda hoje se anuncia vencedor. Fez vencer uma antiga e conservada condição de partilha.
Acreditou numa convivência repartida a quatro mãos, quatro pés, quatro ouvidos e olhos, e muitos minutos de atenção.
Cuidou pra não perder os sentidos, o sentido de fato, o parceiro do lado, e o tato pra tocar um dia de cada vez.
Não existe mistério maior do que o amor praticado.
E onde aqueles dois venceram até aqui, com certeza, houve Deus a ganhar.
Os dois se casaram e hoje ainda se abraçam com a fé.
Não sabiam até quando iriam quando começaram, mas até aqui chegaram, e nem por isso se rendem a descansar.
Sabem que a jornada se faz com este dom de esperar sem supor além da medida.
O tempo é a vida em cada dia, saindo a contento, um desvelo ao sofrimento vencido e um obrigado bem terno às alegrias de um porvir.
A mulher, professora, trazendo a aprendizagem na bagagem, que com certeza, não se fecha em conclusões. Reage com perguntas ao novo, com netos a motivá-la, naquela mesma prontidão diária.
O marido, um tenente, com patente que garante aos ombros traços de compromisso com a disciplina da dedicação. É com certeza parceiro nas intenções, e até qualquer final ou folga.
São os mesmos sentidos a provocar mistério e ainda os medos, por que não?...


Assim as bodas falam ao meu coração.
Me dizem de um gesto primeiro em que dois ainda se querem e se alegram em mostrar este perfil.
Olham-se nos olhos e se permitem festejar este tempo singular em que se encontram.
São dois a deixar que os demais se agitem a buscar a explicação.
E é tão transparente o olhar da retidão.
Nem carece de correria, pelo contrário, é sem pressa.
É um tempo que começa pela determinação. Que descansa na saudade do que foi vivido e guardado com memória de elefante, que não apaga um instante sequer a vontade de ficar mais um pouquinho na vida de cada um.

Nenhum comentário:

Postar um comentário