sexta-feira, outubro 16, 2009

Um texto empoado

Se elas chegassem hoje à minha porta

eu as receberia muito bem, no meu traje solto
das altas horas de ninguém
Não as teria deixado paradas assim
esperando aplausos sem cores de mim, sem graça
Eu as teria assustado, talvez, com meu ar cansado de vida
Ou quem sabe eu as faria rir, com aquela falta de jeito de quem não sabe o que diz, porque mudou demais
(o espelho é quebrado nas mãos...)
Depois, eu saberia sim, só alguns segredos pueris, que eu nunca soube
Porque não me contariam de lá, onde fui criança, agachada no olhar
Daqueles corpos cheios de pudor, eu só guardei curiosidade
mesmo entendendo as beldades e suas muitas vaidades, frente ao toucador
Saí de nariz empoado em pó-de-arroz e "rouge" , apesar do meu "blush" moderno,
que estranhamente, acho que não tem nome em português
Ainda agora, sinto que é vergonha o que enrubesce a minha palidez
Enfim, elas vieram me contar, tudo que relembrei por ora
Levando ao que escrevi bem devagar, como quem pinta um afresco
Trazidas sob um tom acinzentado, aos restos de um desvão empoeirado
onde fui buscar saudade e texto





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